Hoje,
28 de junho de 2012, comemoramos o tricentenário do nascimento de Jean-Jacques
Rousseau, o pensador genebrino que deixou um rico legado intelectual pelo qual
continuamos a nos interessar em pleno século XXI. Sem dúvida, vários de seus textos tornaram-se
clássicos, e uma das melhores homenagens que podemos fazer ao autor é lembrar os
motivos pelos quais, nas palavras de Ítalo Calvino, livros como os dele atingem
esse status especial:
Os clássicos são aqueles livros
dos quais, em geral, se ouve dizer: "Estou relendo..." e nunca
"Estou lendo...".
Dizem-se clássicos aqueles livros
que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma
riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas
melhores condições para apreciá-los.
Os clássicos são livros que
exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também
quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente
coletivo ou individual.
Toda releitura de um clássico é uma
leitura de descoberta como a primeira.
Toda primeira leitura de um
clássico é na realidade uma releitura.
Um clássico é um livro que nunca
terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.
Os clássicos são aqueles livros
que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a
nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que
atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes).
Um clássico é uma obra que
provoca incessantemente uma nuvem de discursos críticos sobre si, mas
continuamente a repele para longe.
Os clássicos são livros que,
quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se
revelam novos, inesperados, inéditos.
Chama-se de clássico um livro que
se configura como equivalente do universo, à semelhança dos antigos talismãs.
O "seu" clássico é
aquele que não pode ser-lhe indiferente e que serve para definir a você próprio
em relação e talvez em contraste com ele.
Um clássico é um livro que vem
antes de outros clássicos; mas quem leu antes os outros e depois lê aquele,
reconhece logo o seu lugar na genealogia.
É clássico aquilo que tende a
relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não
pode prescindir desse barulho de fundo.
É clássico aquilo que persiste
como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível.
Bela homenagem! Feliz aniversário, Jean-Jacques!
ResponderExcluirJosé Oscar de Almeida Marques